domingo, 15 de fevereiro de 2015

Mentes Distorcidas - Caso nº1


O mundo está cheio de casos onde a realidade consegue ser pior do que um macabro filme de terror. Ao longo dos tempos, a história prova que a maldade não tem limites e, neste caso concreto, o 1º da série Mentes Distorcidas, não tem também idade. Vamos conhecer Beth Thomas.

Em fevereiro de 1984, uma menina americana de dois anos foi adotada (juntamente com o seu irmão de 7 meses de idade) pelo casal Tim e Nancy Thomas. As crianças foram chamadas Beth e Jonatham Thomas. Com o tempo, Beth revelou-se uma criança raivosa, de ódio incontrolável e com estranha aversão às pessoas. 

Os pais adotivos começaram a preocuparem-se com o comportamento da criança, preocupação que os levou à verdadeira história de Beth e seu irmão - que foram abusados severamente nos primeiros anos de vida. A mãe deles morreu no parto de Jonatham, quando Beth tinha apenas um ano. Então, os dois foram deixados sob a guarda do pai que abusou deles de várias maneiras.

A Beth maltratava os animais e tentava matar o seu irmão  durante à noite, tentando esfaqueá-lo. Isso fez com que os seus pais começassem a trancá-la dentro do seu quarto. Ela também molestava o seu irmão e aleijava-o diariamente. Beth, mesmo em tenra idade, já se masturbava constantemente, e em algumas ocasiões, fazia-o até sangrar, tendo de ser levada ao hospital. Também tentou diversas vezes atacar os seus pais com uma faca de cozinha. Ela conta que desejava matar toda a família, pois não sentir absolutamente nada por eles. Como alguém lhe tinha feito mal, ela queria fazer o mesmo a outras pessoas.
 
A Abril de 1989, Beth foi encaminhada para uma clínica especializada que trata de crianças com desordens emocionais. Ela foi diagnosticada com o chamado "Transtorno de Apego Reativo", um severo distúrbio psicológico que afeta crianças e bebés. A principal característica deste transtorno é a falta de sociabilidade e empatia, interação social inadequada, com início antes dos cinco anos de idade e associada ao recebimento de cuidados. Por causa da sua condição, ela era incapaz de se relacionar com qualquer pessoa, ou criar vínculos e laços de afeto. Incapacidade de sentir ou receber amor...

 
Em 1989, Beth ficou conhecida como a Criança do Ódio, num documentário da HBO chamado "Child of Rage", que mais tarde foi transformado numa versão cinematográfica. O documentário conta a história da menina que foi sexualmente abusada quando tinha apenas um ano de vida, baseado nas gravações e relatos do Dr. KenMagig, psicólogo clínico especializado no tratamento de crianças severamente abusadas, crianças que de tão traumatizadas, não conseguem criar laços emocionais com outras pessoas. Crianças que não conseguem entender, sentir ou aceitar o amor. Crianças sem consciência, que podem ferir ou matar uma pessoa sem qualquer remorso, simplesmente porque não foram ensinadas a ter emoções de empatia ou sociabilidade. Não receberam amor, nem atenção, nem cuidado para lidar com as emoções, sendo ainda abusadas de várias formas.

Os efeitos de uma criança que nasce sob essas condições são devastadores e o documentário "Child of Rage" mostra exatamente o processo que uma criança passa nesta realidade de abuso constante e a maneira como desenvolve uma personalidade psicopata. No entanto, o documentário também mostra que a criança que é vítima deste abuso também pode ser ajudada.
O caso de Beth é apenas um entre as milhares de crianças que desenvolveram psicopatia por algum determinado motivo. 


AQUI ESTÁ O DOCUMENTÁRIO "A IRA DE UM ANJO".


E hoje?


O caso de Beth Thomas acabou por ter um final "feliz".Hoje ela é uma enfermeira na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal e trabalha a cuidar de bebés frágeis.  Ela escreveu um livro, “More than a Thread of Hope” e, juntamente com a sua mãe adotiva, Nancy Thomas, criou uma clínica para crianças com distúrbios graves de comportamento. A sua vida de sobrevivência e vitória traz esperança e compreensão para pais e profissionais, ao trabalhar para curar a criança afetada e, acima de tudo, capacitar os pais com uma visão positiva para o futuro do seu filho.

Way to go Beth! :D

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