quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

As gémeas silenciosas


O amor entre irmãos é lindo. Duvidam? Então vamos conhecer as gémeas silenciosas!


June e Jennifer nasceram em 11 de abril de 1963, nos Barbados. Os pais eram os imigrantes indígenas ocidentais Glória e Aubrey Gibbons. Gloria era dona de casa e Aubrey trabalhava como técnico para a Força Armada Real. Após o nascimento eles mudaram-se para Haverfordwest, País de Gales. As irmãs gémeas eram inseparáveis e tinham um dialecto próprio que impedia que qualquer pessoa de fora da família pudesse entender.

Por serem as únicas crianças negras da comunidade, elas eram excluídas na escola. Isso foi traumático para as meninas, uma vez que os administradores da escola tinham que mandá-las para casa mais cedo todos os dias para evitar que elas fossem vítimas de bullying. Nessa época o “idioma” tornou-se mais idiossincrático (as palavras tinham significados diferentes para elas), até que ficou incompreensível para os outros (inclusive a família). Com o passar do tempo elas passaram a comunicar apenas entre si mesmas e outra irmã mais nova, Rose.

Quando fizeram 14 anos, vários terapeutas tentaram sem sucesso fazê-las comunicarem com os outros. Elas foram mandadas para um internato na tentativa de quebrar a isolação, mas sem sucesso. Apenas se isolaram mais.

Quando elas foram reunidas, passaram vários anos isoladas no quarto a elaborar peças com bonecas. Elas criaram muitas peças colocaram fitas de áudio nelas, tendo oferecido à irmã. Inspirados por um par de diários como presentes de Natal em 1979, elas uma carreira como escritoras. Foram mandadas para um curso de escrita criativa e cada uma delas escreveu vários romances. Residiram em Malibu, Califórnia. Um local interessante e exótico para duas meninas românticas presas numa pacata e velha cidade. As histórias envolviam romances em que os intervenientes frequentemente tinham comportamentos estranhos e criminosos. Elas escreviam de forma única e geralmente com palavras que, de tão estranhas, se tornavam engraçadas.

As novelas foram publicadas por uma editora própria chamada New Horizons (Novos Horizontes) e tentaram muitas vezes vender obras curtas para revistas, mas sem sucesso. Elas até chegaram a ter um romance com alguns rapazes americanos filhos de um recruta da Marinha que não deu certo. As meninas cometeram vários crimes, (incluindo incêndios) o que as fez serem internadas no Hospital Broadmoor, um hospital psiquiátrico de alta-segurança. Recebiam grandes doses de remédios anti-psicóticos, o que as impedia de se concentrarem. A Jennifer desenvolveu discinesia tardia (um tipo de desordem neurológica que resulta em movimentos repetitivos e involuntários). Os seus remédios eram aparentemente dosados para que elas continuassem com os diários que começaram em 1980. Elas fizeram parte do coral do hospital mas perderam o interesse pela escrita criativa.

O caso chegou a ser capa do jornal The Sunday Times graças à jornalista investigativa Marjorie Wallace. O tablóide britânico The Sun também contou a sua história intitulando-a de “As Gêmeas Génias Não Vão Falar”

De acordo com Wallace, as mulheres fizeram um sério acordo de que, se uma delas morresse, a outra deveria falar e viver uma vida normal. Durante a sua estadia no hospital, elas começaram a acreditar que era necessário que uma delas morresse e, depois de muita discussão, a Jennifer concordou em ser o sacrifício. Em março de 1993, as gêmeas foram transferidas de Broadmoor para a Clínica Caswell em Bridgend, País de Gales. Na chegada, Jennifer não acordou. Ela morreu de miocardite (uma súbita inflamação do coração). Não há provas de drogas ou veneno no seu corpo e a morte permanece um mistério até hoje. Numa visita alguns dias após o ocorrido, Wallace relembra que June “estava com um humor estranho. Ela disse: estou livre finalmente, liberta; afinal a Jennifer abdicou da sua vida por mim.”

Depois da morte de Jennifer, a June deu entrevistas ao Harper’s Bazaar e ao The Guardian. Em 2008, ela estava morando em paz e sozinha próxima dos pais no Oeste do País de Gales. Ela não é mais acompanhada por serviços psiquiátricos e é aceite na comunidade. Ela tenta pôr o seu passado de lado.


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